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Read Women Quotes

Quotes tagged as "read-women" Showing 1-30 of 33
“O amor que se nutre no coração do homem generoso é puro e nobre,
leal e santo, profundo e imenso, e capaz de quanta virtude o mundo pode
conhecer, de quanta dedicação se possa conceber. Ele o eleva acima de si
próprio, e as suas ações são o perfume embriagador desse sentimento, que o
anima: mas o amor no peito do homem feroz e concupiscente é uma paixão
funesta, que conduz ao crime, que lhe mata a alma e a despenha no inferno.”
Maria Firmina dos Reis, Úrsula

Carla Madeira
“Mas, no coração, tudo que vaza é vermelho. A omissão sangra o amor a conta-gotas e o perde um pouco a cada dia. Pode durar anos, como durou, até que o silêncio irrompa com a força do tempo.”
Carla Madeira, Véspera

“Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia monstros apocalípcticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato.”
Clarice Lispector, A Hora da Estrela

“A verdade é sempre um contato interior e inexplicável. A minha vida a mais verdadeira, é irreconhecível, extremamente interior e não tem uma só palavra que a signifique. Meu coração se esvaziou de todo desejo e reduz-se ao próprio último ou primeiro pulsar. A dor de dentes que perpassa esta história deu uma fisgada funda em plena boca nossa. Então eu canto alto agudo uma melodia sincopada e estridente - é a minha própria dor, eu que carrego o mundo e há falta de felicidade. Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas por aí aos montes.”
Clarice Lispector, A Hora da Estrela

“Se há veracidade nela - e é claro que a história é verdadeira embora inventada - que cada um a reconheça em si mesmo porque todos nós somos um e quem não tem pobreza de dinheiro tem pobreza de espírito ou saudade por lhe faltar coisa mais preciosa que ouro - existe a quem falte o delicado essencial.”
Clarice Lispector, A Hora da Estrela

“Também sei das coisas por estar vivendo. Quem vive sabe, mesmo sem saber que sabe. Assim é que os senhores sabem mais do que imaginam e estão fingindo de sonsos.”
Clarice Lispector, A Hora da Estrela

“Porque há o direito ao grito.
Então eu grito.
Grito puro e sem pedir esmola.”
Clarice Lispector, A Hora da Estrela

“Há milhares de moças espalhadas por cortiços, vagas de cama num quarto, atrás de balcões trabalhando até a estafa. Não notam sequer que são facilmente substituíveis e que tanto existiram como não existiriam. Poucas se queixam e ao que eu saiba nenhuma reclama por não saber a quem. Esse quem será existe?”
Clarice Lispector, A Hora da Estrela

“Quando rezava conseguia um oco de alma - e esse oco é o tudo que posso eu jamais ter. Mais do que isso, nada. Mas o vazio tem o valor e a semelhança do pleno. Um meio de obter é não procurar, um meio de ter é o de não pedir e somente acreditar que o silêncio que eu creio em mim é resposta a meu - a meu mistério.”
Clarice Lispector, A Hora da Estrela

“Quem já não se perguntou: sou um monstro ou isto é ser uma pessoa?
Quero antes afiançar que essa moça não se conhece senão através de ir vivendo à toa. Se tivesse a tolice de se perguntar “quem sou eu?” cairia estatelada e em cheio no chão. É que “quem sou eu?” provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto.”
Clarice Lispector, A Hora da Estrela

María Luisa Bombal
“Desde muy niña, cuando todos la abandonan, corría hacia Luis. Él la alzaba y ella le rodeaba el cuello con los brazos, entre risas que eran como pequeños gorjeos y besos que le disparaba aturdidamente sobre los ojos, la frente y el pelo ya entonces canoso (¿es que nunca había sido joven?) como una lluvia desordenada. ''Eres un collar, le decía Luis. Eres como un collar de pájaros.”
María Luisa Bombal, El árbol

María Luisa Bombal
“En ella los impulsos se abatieron tan bruscamente como se habían precipitado. ¡A qué exaltarse inútilmente! Luis la quería con ternura y medida- si alguna vez llegara a odiarla, la odiaría con justicia y prudencia. Y eso era la vida. Se acercó a la ventana, apoyó la frente contra el vidrio glacial. Allí estaba el gomero recibiendo serenamente la lluvia que lo golpeaba, tranquilo y regular. El cuarto se inmoviliza en la penumbra, ordenado y silencioso. Todo parecía detenerse, eterno y muy noble. Eso era la vida. Y había cierta grandeza en aceptarla así, mediocre, como algo definitivo, irremediable. Mientras del fondo de las cosas parecía brotar y subir una melodía de palabras graves y lentas que ella se quedó escuchando: ¡Siempre! ¡Nunca!”
María Luisa Bombal, El árbol

María Luisa Bombal
“Echada sobre el diván, ella esperaba pacientemente la hora de la cena, la llegada improbable de Luis. Había vuelto a hablarle, había vuelto a ser su mujer, sin entusiasmo y sin ira. Ya no lo quería. Pero ya no sufría. Por el contrario, se había apoderado de ella una inesperada sensación de plenitud, de placidez. Ya nadie ni nada podría herirla. Puede que la verdadera felicidad esté en la convicción de que se ha perdido irremediablemente la felicidad. Entonces empezamos a movernos por la vida sin esperanzas ni miedo, capaces de gozar por fin todos los pequeños goces, que son lo más perdurable.”
María Luisa Bombal

Zelda Fitzgerald
“Alabama disse para si mesma que eles eram felizes; herdara essa característica da mãe. - Somos muito felizes – falou consigo mesma, assim como sua mãe teria falado -, mas parece que não faz muita diferença para nós se somos ou não. Acho que esperávamos algo mais dramático.”
Zelda Fitzgerald, Save Me the Waltz

Zelda Fitzgerald
“É uma característica bem minha, junto tudo num grande monte que rótulo de “o passado” e, depois de esvaziar dessa maneira este profundo reservatório que foi um dia meu ser, estou pronta para continuar.”
Zelda Fitzgerald, Save Me the Waltz

Zelda Fitzgerald
“Estar apaixonada, concluiu, é simplesmente uma apresentação de nossos passados a outro indivíduo, pacotes na sua maioria de tão difícil manejo que não conseguimos mais lidar nem com os cordões soltos. Procurar amor é como pedir um novo ponto de partida, uma nova chance na vida. Precocemente para sua idade, acrescentou um adendo: que uma pessoa nunca busca partilhar o futuro com outra, tão vorazes são as secretas expectativas humanas.”
Zelda Fitzgerald, Save Me the Waltz

Zelda Fitzgerald
“Quando descobrimos que temos que renunciar a uma porção tão grande de nós próprios para funcionar, ficamos selvagens... para salvar o resto.”
Zelda Fitzgerald, Save Me the Waltz

Zelda Fitzgerald
“É muito difícil ser duas pessoas distintas ao mesmo tempo, uma que deseja ter uma lei própria e a outra que deseja conservar todas as belas coisas antigas e ser amada, cuidada e protegida.”
Zelda Fitzgerald, Save Me the Waltz

Zelda Fitzgerald
“- Essas garotas – diziam as pessoas – pensam que podem fazer qualquer coisa e ficar impunes.”
Zelda Fitzgerald, Save Me the Waltz

Zelda Fitzgerald
“Ela quer que lhe diga como é, sendo jovem demais para saber que não se parece absolutamente com nada e que vai completar seu esqueleto com o que dela se desprender, como um general talvez possa reconstruir uma batalha seguindo os avanços e os recuos de suas forças com alfinetes de cores brilhantes. Ela não sabe que qualquer esforço que fizer se transformará nela mesma.”
Zelda Fitzgerald, Save Me the Waltz

Zelda Fitzgerald
“Era o modo de provar a si mesma, sua necessidade individual de sobreviver. Suas inconsistências pareciam assegurar-lhe um domínio sobre as situações, se assim tivesse desejado.”
Zelda Fitzgerald, Save Me the Waltz

Zelda Fitzgerald
“Alabama não se concedia o direito de examinar esses pontos de vista arbitrários, confluências de sua faceta de mulher, que o beijo do rapaz sem querer evocara. Projetar-se nisso teria sido violar sua confissão de si mesma. Ela tinha medo; achava que seu coração era uma pessoa caminhando. Era, certamente. Era todo mundo caminhando. O espetáculo estava terminado.”
Zelda Fitzgerald, Save Me the Waltz

Zelda Fitzgerald
“- Mamãe, você gostava muito de Dixie?
- Claro. Ainda gosto.
- Mas ela criava muito problema.
- Não. Ela estava sempre apaixonada.
- Você gostava mais dela que de mim, por exemplo?
- Gosto de todas da mesma maneira.
- Eu também vou ser um problema, se não puder fazer o que quiser.”
Zelda Fitzgerald, Save Me the Waltz

Zelda Fitzgerald
“Convinha ter indicações sobre si própria para ir adiante.”
Zelda Fitzgerald, Save Me the Waltz

Zelda Fitzgerald
“Enquanto isso, é extremamente difícil dirigir uma vida que não tem direção.”
Zelda Fitzgerald, Save Me the Waltz

Marcia Tiburi
“O olho é o limite. O mundo caiu do céu vindo parar dentro de meu olho, junto desceram pássaros diurnos e noturnos; nenhum deles me livrou do meu suplício, nem lhe carregou a culpa; não levantaram vôo nunca mais, minhas membranas grudaram em suas patas. Fiquei com a natureza em mim, o olhar de medo, distante das coisas, saturado de ar, esvoaçado e flutuante, ciscos e ciscos, cílios caídos dentro do vulcão, as constelações mortas, as luzes apagadas. Isso me pesa, não porque o universo seja desproporcional ao que posso ver, mas porque me enche de remorsos não poder vê-lo por inteiro. Esforço-me em ver, não posso ver o que deveria, os escombros estão sob a tarja azul que apareceu sobre minha retina, a cada movimento me torno mais incapaz; além de tudo, o cansaço da ação do olhar, acrescido da incompreensão dos caminhos de ver, dá-me muito sono.”
Marcia Tiburi, Magnólia

Marcia Tiburi
“Não há que fazer da vida uma memória do mais óbvio e, por isso, tenho as mãos abertas para que o mundo desabe lento.”
Marcia Tiburi, Magnólia

Virginia Woolf
“Estou crescendo”, pensou, pegando, afinal, na candeia. “Estou perdendo algumas ilusões”, disse, fechando o livro da rainha Maria, “talvez para adquirir outras”, e desceu por entre as tumbas onde jaziam os ossos de seus antepassados.
(...)
“Estou crescendo”, pensou, pegando a sua vela. “Estou perdendo as minhas ilusões, talvez para adquirir novas”, e foi atravessando a longa galeria, em direção ao seu quarto. Era um processo desagradável e fastidioso. Mas era assombrosamente interessante, pensou, estirando as pernas para o fogo de lenha (já que não havia nenhum marinheiro presente), e passou em revista, como a uma avenida de grandes edifícios, o progresso de si mesma, ao longo de seu próprio passado.”
Virginia Woolf, Orlando

Virginia Woolf
“Isso é opinião de alguns filósofos e sábios mas nós temos outra. A diferença entre os sexos tem, felizmente, um sentido muito profundo. As roupas são meros símbolos de alguma coisa profundamente oculta. Foi uma transformação do próprio Orlando que lhe ditou a escolha das roupas de mulher e do sexo feminino. E talvez nisso ela estivesse expressando apenas um pouco mais abertamente do que é usual – a franqueza, na verdade, era a sua principal característica – algo que acontece a muita gente sem ser assim claramente expressa. Pois aqui de novo nos encontramos com um dilema. Embora diferentes, os sexos se confundem. Em cada ser humano ocorre uma vacilação entre um sexo e outro, e, às vezes só as roupas conservam a aparência masculina ou feminina, quando, interiormente, o sexo está em completa oposição como que se encontra à vista. Cada um sabe por experiência as confusões e complicações que disso resultam, mas deixemos aqui o problema geral, e observemos somente o seu singular efeito no caso particular de Orlando.”
Virginia Woolf, Orlando

Virginia Woolf
“Quando isso aconteceu, Orlando deu um suspiro de alívio, acendeu um cigarro e soprou em silêncio um ou dois minutos. Depois, chamou hesitante, como se a pessoa que procurasse pudesse não estar ali: “Orlando?” Pois se há (por acaso) 76 tempos diferentes, todos pulsando simultaneamente na cabeça, quantas pessoas diferentes não haverá – valha-nos o céu -, todas morando, num tempo ou noutro, no espírito humano? Alguns dizem que 2052. De modo que é a coisa mais natural do mundo uma pessoa chamar, logo que fique sozinha, “Orlando?” (se esse é o seu nome), querendo com isso dizer “Vem, vem! Estou mortalmente cansada deste eu. Preciso de outro”. Daí as mudanças assombrosas que vemos em nossos amigos. Mas isso também não é muito fácil, pois, embora se possa dizer, como Orlando disse (achando-se no campo, e necessitando talvez de outro eu), “Orlando?”, o Orlando de que ela necessita pode não vir; esses eus de que somos constituídos, sobrepostos uns aos outros como pratos empilhados na mão do copeiro, têm suas predileções, simpatias, pequenos códigos e direitos próprios, chamem-se como quiserem (e muitas dessas coisas não têm nome), de modo que um só virá se estiver chovendo, outro, se for num quarto com cortinas verdes, outro, se a sra. Jones não estiver lá, outro, se lhe pudermos prometer um copo de vinho – e assim por diante; pois cada pessoa pode multiplicar com a sua própria existência as diferentes condições que impõe os seus diferentes eus – e algumas, de tão ridículas, nem podem ser impressas em letra de fôrma.”
Virginia Woolf, Orlando

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